No products in the cart.
Para chegar até a Amazônia, passamos por Manaus capital do Amazonas, uma cidade histórica, portuária e muito conhecida pelo seu ecoturismo, localizada na confluência dos rios Negro e Solimões, que ao se encontrarem, formam o rio Amazonas, o maior rio do mundo. O encontro das águas é o famoso cartão postal da cidade, e mesmo bem de pertinho é possível ver as duas cores bem separadas, como se existisse um muro invisível entre elas. E a pergunta que naturalmente vem, por que essas águas não se misturam? Isso ocorre devido a alguns fatores, como a diferença de composição, densidade e temperatura entre os rios, as águas dos Solimões são mais frias que as do Negro, o que dificulta a mistura.
Antes de partir para um hotel no coração da Amazônia, decidimos explorar um pouco mais as redondezas do rio Amazonas, e conhecer o famoso Boto Cor-de-Rosa, uma tribo indígena e para fechar o dia, se aventurar em um curso de sobrevivência na selva.
Para fazer todos esses passeios, contratamos uma agência de turismo local. Nadar com o exótico boto cor-de-rosa é uma experiência cativante. O primeiro encontro é meio assustador, por serem grandes e pesados, afinal é o maior golfinho de água doce, mas logo a sua pele lisa, macia e rosada te encanta. Colecionadores de muitas lendas folclóricas na região, histórias com o boto-cor-de-rosa não faltam. São dóceis, brincalhões, e parecem estar sempre sorrindo, se é que isso é possível.
É na Amazônia que vivem hoje grande parte dos índios brasileiros, ao visitar uma comunidade indígena a simpatia e a boa energia do grupo é contagiante. São pessoas fortes, saudáveis e felizes.
O pajé é a figura mais importante em sua maloca, ele é o mais sábio, curandeiro, líder espiritual e também o responsável por passar para os mais jovens a cultura e as tradições. Os indígenas acreditam que o pajé tem poderes capazes de fazer chover e melhorar a capacidade dos índios durante a caça e pesca. Então, conversar com essa personalidade é enriquecedor e uma excelente oportunidade de penetrar na cultura e costumes local.
Como boas-vindas, a tribo Tutuya nos ofereceu danças típicas usando os instrumentos produzidos por eles, e para nos fazer entrar no clima, usaram urucum para nos pintar, a partir daí aproveitamos para experimentar na dança local.
Há uma divisão de atividades entre os indígenas, os homens são responsáveis pela trabalho mais pesado, a caça (e tudo relacionado a ela, como armadilhas, arco, flechas) e a pesca (canoas, cestos), a ainda os instrumentos musicais, já as mulheres pelas crianças, plantio, colheita, comida, e também os artesanatos que são vendidos na tribo.
A culinária é basicamente se utilizando do que a natureza e a floresta oferecem. Isso quer dizer que todos têm uma alimentação saudável, rica em vitaminas e livre de agrotóxicos.
Os principais alimentos são, peixes, raízes, frutas, legumes, castanhas, e as excêntricas larvas e formigas saúva, iguaria muito comum na região. Visitei um restaurante em Manaus que em seu cardápio oferecia como entrada a Formiga Saúva com espuma de mandioquinha.
E já que está na Amazônia, que tal fazer um curso de sobrevivência na selva? Quando soube deste curso eu logo declinei, achei que não fosse para mim, mas depois, ao estudar melhor o tema resolvi aceitar o desafio, e confesso que este foi um dos passeios mais interessantes. Não requer conhecimento prévio e nenhuma outra habilidade sobre o assunto, somente muita disposição para caminhar e vontade de aprender.
O curso que fizemos teve duração de meio período, mas tem outras opções de até 3 dias na mata, este é necessário dormir em redes no abrigo preparado pelos guias.
Para tornar o passeio seguro, é essencial fazer com uma empresa qualificada no assunto. Escolhemos uma equipe formada por militares do exército brasileiro, especializados em resgate na selva. Reconheço que a experiência deles me tranquilizou bastante, cuidado nunca é demais quando se trata de uma floresta gigantesca e misteriosa.
Neste curso você aprende: técnicas básicas de sobrevivência na selva, orientação, técnicas de obtenção fogo, construção de abrigos e armadilhas, localizar água, frutos que podem ser consumidos, plantas medicinais, técnicas de peconha – utilizado em escalada de árvores, entre outras atividades.
Os índios costumam usar as formigas como repelente natural, são formigas bem pequeninas. Eu fiz o teste e, funciona. Coloquei minha mão em cima de um formigueiro, naturalmente as formigas vão tomando conta de tudo, admito que dá uma certa aflição.Ao tirar a mão esfreguei uma contra a outra como se estivesse passando um esfoliante e conforme as formigas vão partindo o seu odor fica, deixando um cheirinho agradável que repele qualquer outro inseto. O curioso é que as formigas não picam quando estão em grupo, isso só acontece quando estiverem sozinhas.
A melhor forma de viver a Amazônia é hospedar-se na floresta e entranhar-se por ela.
O contato com os animais selvagens, peixes frescos, frutas colhidas da floresta, além de dormir e acordar ao som da natureza é revigorante.
Escolhemos um hotel que fica a 3 horas de Manaus, em uma região preservada, no coração da selva Amazônica. Os quartos são suspensos por palafitas e cobertos com palhas, construídos a 30 metros do chão e planejado para ser interligado a floresta. Passarelas de madeira conectamos quartos ao restaurante e a casa central. O hotel faz uso de energia solar, coleta seletiva de lixo e investiu em uma central de tratamento de esgoto. Ao caminhar pelo hotel pude conhecer os seus hóspedes efetivos, a elegante arara, os inquietos macaquinhos e, o intimidante jacaré. Há tantos estrangeiros no local que o idioma mais falado passa a ser o inglês, como se estivesse em outro país.
E quem pensa que ao chegar no hotel só irá descansar, se engana. Os hotéis normalmente dispõem de diversos passeios interessantes.
Começamos com o passeio de canoa pelos igarapés (riachos) e igapós (floresta inundada, visível durante o período de cheia dos rios). Ao final do dia éramos sempre presenteados com um belíssimo pôr-do-sol.
Foi enriquecedor participar também de algumas experiências como, pesca de piranhas, piquenique na floresta, visita a uma Sumaúma – considerada a maior árvore da Amazônia e, focagem de jacarés. Este último foi feito durante à noite num barquinho conduzido pelo guia e a sua lanterna nas mãos à procura pelos olhos vermelhos dos jacarés nas margens do rio.
Uma noite linda com céu estrelado, mas ainda sim com ar assustador, não dava para enxergar nada além da pouca luz da lanterna e, a ideia de ir atrás de um jacaré não é algo confortante. O guia ao avistar o jacaré aproxima o barco e, para minha surpresa, captura o bicho com suas ágeis mãos de índio. Era um jacaré pequeno, que pudemos conhecer de perto e tocar a sua pele escamosa e dura, logo depois ele foi devolvido ao rio.
Visitar a Amazônia é poder vivenciar tudo isso, paisagens deslumbrantes, experiências excêntricas, natureza pouco explorada e alterada e, a certeza de que agora sim eu conheci o Brasil, lindo e exuberante por sua diversidade.
Roupas leves e confortáveis, chapéu, trajes de banho, protetor solar e repelente. Com mata por todos os lados, a impressão que dá é que seremos devorados por insetos. Nem tanto. Isso porque os rios têm um elevado grau de acidez e, por conta disto, os insetos não se proliferam.
Para os passeios na mata, calça comprida, camisa de manga longa e um tênis confortável.
Importante levar dinheiro em espécie, pois muitos lugares e hotéis não aceitam cartões.
O Ministério da Saúde recomenda vacinar-se contra a febre-amarela 10 dias antes da viagem.
Temperatura: o clima é quente e úmido, com média anual de 27.c., e as chuvas se concentram de dezembro a maio.
Hotel: Juma Amazon Lodge – http://www.jumalodge.com.br/
Samanta Rosa
Fotografias da natureza.